segunda-feira, novembro 19, 2012

O ANTIGO CAFÉ AVENIDA


O ANTIGO  CAFÉ  AVENIDA

Plínio Dall´Agnol

Assim como o Café Luna, criado por Rudy Lannius em 1954, passou em 1971 para Plínio Finck , do mesmo modo o Antigo Café  Avenida, criado em 1931 por Eduardo Kraemer, pai do Sr.Sadi Kramer, passou para novos proprietários em 1942( os irmãos Osmar e Oscar Guerreiro).  De acordo com entrevista de Seu Omar à revista Hoje(dez.1992) “ O Café de onde os políticos nunca se afastam. As mesas se tornaram tribunas para os mais conhecidos e os quase anônimos. Onde empresários, trabalhadores, advogados, médicos e seus pacientes, amigos e inimigos dividiam o mesmo espaço, democraticamente”.
Quando em algum sábado conseguia uma folga da Faculdade, vinha ao Centro com meus filhos os quais cumpriam suas tarefas de abastecer-se de guloseimas e revistinhas na Tabacaria do Seu Araújo, e atualizar suas coleções de playmobil   no Bazar Central da Família Selegar. Ao mesmo tempo eu curtia o convívio saudável do antigo Café Avenida próximo, na esquina da Pedro Adams com a General Netto. Meus diálogos com Fausto Wolff lá no Avenida foram marcantes e inesquecíveis: proveitosos e contribuíram para meus conhecimentos nas áreas do jornalismo e literatura. Fui apresentado a ele por sua cunhada, a Profa.Marlise Wolfenbüttel, Diretora da Faculdade de Belas Artes e minha colega na Feevale. Residindo no Rio, vinha a Porto Alegre rever amigos e visitar seus familiares em Novo Hamburgo.
Fausto Wolff, um dos fundadores de “O PASQUIM”, periódico irreverente e crítico da ditadura militar (1964-1985), foi obrigado a exilar-se na Europa por dez anos. Lecionou literatura nas Universidades da Dinamarca, Itália e França. Foi autor de uma valiosa bibliografia, incluindo dezenas de peças teatrais, mais de 20 livros. Era um exímio poliglota, dominando o alemão, norueguês, francês, inglês e italiano. Dividia seu trabalho de tradutor com o jornalismo, televisão e literatura. Nascido em 1940, em Santo Ângelo, faleceu em 2008, no Rio de Janeiro.
Ruy Castro sintetizou: “ Houve época no Rio, em que todos os homens queriam ser Fausto Wolff, Pela inteligência e pelas mulheres que ele conquistava”.
Foi um privilégio conhecer Fausto Wolff, no velho Café Avenida, em Novo Hamburgo.